"Eleições agora seriam catastróficas para o País"
Nuno Morais Sarmento acredita que, depois da divulgação do acórdão do Tribunal Constitucional, que deliberou pela inconstitucionalidade de quatro artigos do Orçamento de Estado de 2013, que representa um "rombo estimado de 1400 milhões de euros", o Governo de Pedro Passos Coelho tem duas alternativas: renegociar os compromissos com os parceiros internacionais ou, caso não se reveja num novo desenho orçamental que seja obrigado a fazer, a demitir-se.
"Importa agora saber se este 'chumbo' vai ficar abaixo ou acima da linha que permite ao Governo rever-se nele ou se, por outro lado, vai descaracterizá-lo ao ponto de o Executivo ter de dizer que este não é o seu Orçamento. A demissão é um cenário que não podemos afastar", vincou o antigo ministro de Durão Barroso e de Pedro Santana Lopes.
No entanto, o comentador recusa que a solução passe pela convocação de eleições antecipadas, porque, segundo explica, seria "deitar fora o esforço de dois anos" e o País seria "seriamente prejudicado" com esse cenário, uma vez que iria ser empurrado para um novo resgate financeiro. "Eleições neste momento seriam catastróficas para o País", atirou.
Sobre a demissão de Miguel Relvas, Morais Sarmento assegurou que já sabia da decisão e que a saída acabou por ser um "alívio em termos políticos" para a coligação PSD/CDS-PP.
"Posso garantir, porque fui testemunha, que Miguel Relvas já tinha tomado a decisão, em conjunto com o primeiro-ministro, há algum tempo. Não a tomou ontem [quinta-feira]. É um alívio em termos políticos, mas também é uma preocupação porque o até aqui ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares era uma espécie de pára-raios do Governo. As críticas recaíam sempre sobre ele, funcionava como um guarda-chuva para um Governo que teve erros de conceção política", frisou ainda, antes de acrescentar que nunca concordou com a integração do ex-secretário-geral do PSD no elenco ministerial.
Já sobre o regresso de José Sócrates, Morais Sarmento considera que o ex-primeiro-ministro será candidato à Presidência da República, na eventualidade de não encabeçar as listas do PS nas próximas eleições para o Parlamento Europeu. Quem terá "acusado o toque" e a "presença forte" do antigo líder socialista foi, na opinião de Sarmento, António José Seguro, secretário-geral do partido, que "optou por radicalizar a oposição que vinha a fazer".